Arritmias cardíacas são qualquer variação do ritmo ou frequência cardíaca. Cada batimento cardíaco é causado por um impulso elétrico que percorre todo o músculo, «forçando» este a diminuir de tamanho. No coração isso serve para impulsionar sangue. Considerando que o sangue chega ate o coração proveniente de todo o corpo de forma regular, e que tudo que chega ate o coração deve seguir em frente, vemos como acontecem os sintomas da arritmia.
Se um batimento chega antes do tempo, ele vai empurrar menos sangue
para o corpo (cérebro, rins e músculos). O batimento que segue, se
esperar o tempo certo de bater, vai acumular o sangue que não saiu no
anterior (por que este não tinha chegado) junto com a quantidade
habitual fora da arritmia. Nesse caso o paciente vai sentir um ?pulo? no
peito ou na garganta. Se a arritmia for rápida demais, o sangue não vai
conseguir ser empurrado a tempo e vai acumular nos pulmões e às vezes
nas pernas também. Se o coração estiver muito lento, o espaço entre uma
batida e outra vai ser tão grande que a pressão dentro da aorta vai
subir e descer gradualmente e em tanta quantidade que vai gerar cansaço:
não tem fluxo pra chegar até os dedinhos ou até o cérebro.
Então síncope, palpitações ou falta de ar podem ser causados por
arritmias. Ainda que a maioria seja benigna, algumas podem levar à
morte.
O estresse físico em excesso e mantido deixa a pessoa mais propensa a arritmias como fibrilação atrial.
O
tema desse capítulo é estresse e arritmias. E como ligar um a outro?
Estresse pode ser um importante mimetizador de sintomas, ansiedade pode
criar todos os sintomas descritos acima. A síndrome de «Burnout» (em
tradução livre, esgotamento), frequentemente causa hipertensão arterial,
doenças coronarianas (infarto, angina), e mantém o paciente com elevado
nível de catecolaminas – leia-se adrenalina. A adrenalina que serve
para aumentar a pressão arterial, preparar mecanismos de luta e fuga,
reduzir o limiar de dor, aumentar a frequência cardíaca e facilitar
reflexos do sistema nervoso autônomo.
A pressão elevada pode
facilitar a doença cardíaca em vários níveis, até o molecular. O
convívio com situações estressantes e os níveis de adrenalina elevados
facilitam «disparos» elétricos no coração, e estes viram contrações
prematuras; Essas contrações podem se perpetuar e até ficar sustentadas,
substituindo o ritmo normal do coração por ritmos aleatórios.
O
estresse físico em excesso e mantido (como pode ser visto em atletas de
alta performance) deixa a pessoa mais propensa a arritmias como
fibrilação atrial. Estresse crônico como em casos de apneia do sono,
hipertensão arterial e insuficiência cardíaca podem levar a todos os
tipos de arritmia, e mesmo morte súbita. Estresse emocional já é um
fator comprovado para alterações arrítmicas e mesmo do formato do
coração, como a «Síndrome do coração partido» – que por incrível que
pareça existe mesmo!
Muitas pessoas também acabam utilizando
antidepressivos para tratar de condições psiquiátricas. A maioria dos
antidepressivos têm efeitos facilitadores de arritmias, bem como algumas
medicações utilizadas em quadros neurológicos.
Arritmias cardíacas: veja os cuidados ao praticar exercícios
Existem grupos
hoje mesmo em São Paulo que apostam em tratamentos não convencionais
como psicoterapia e acupuntura, que visam compensar a psique ou a
energia do paciente como forma de reduzir o ônus da doença. Ainda hoje
estes trabalhos não têm peso científico, mas acredito que a visão sobre a
causa e tratamento das arritmias tende a observar que algumas são
dependentes do estado do individuo como um todo, não apenas um coração.