A azia ou pirose é definida como sensação de queimação na região do esôfago, que juntamente com a dispepsia e sensação de estômago cheio são sintomas comuns na gravidez. Essas mudanças ocorrem devido a alterações hormonais e mecânicas (como o crescimento do útero comprimindo as estruturas do abdômen). Oito a cada dez mulheres sofrem destes sintomas durante a gravidez. E em alguns casos necessitam de internação para suporte clínico e hidratação.
Os sintomas de azia e dispepsia durante a gravidez são os mesmos que em
qualquer outra pessoa e geralmente acontecem logo após as refeições, mas
podem ser exacerbados pelo jejum prolongado. Os sintomas podem ocorrer em qualquer ponto durante a gravidez, embora sejam mais frequentes e
graves no final da gestação, a partir da 27ª semana.

As mudanças
hormonais aumentam a secreção do ácido presente no estômago, o que
provoca irritação do revestimento do órgão (mucosa). Além disso, com o
crescimento do útero e consequente compressão do estômago, temos um
retardo no esvaziamento gástrico e uma maior pressão no estômago,
ocasionando refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. O resultado são
as queixas gástricas já mencionadas.
Estão mais propensas a
desenvolverem esses sintomas as mulheres que já sentiam azia ou já
apresentavam gastrite, refluxo ou dispepsia. Tem risco maior também
aquelas que já se encontram no final da gestação e as que não estão na
primeira gravidez.
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Tratamento para azia na gravidez
O tratamento se baseia primeiramente em
modificações de hábitos alimentares – essas são as medidas mais efetivas
e que apresentam menos riscos ao bebê. Você deve evitar alimentos ácidos e irritativos para o trato digestivo, como:
- Cafés
- Chás
- Chocolates
- Refrigerantes
- Comidas muito condimentadas ou temperadas.
Procurar comer a cada três horas de forma a não fazer refeições muito volumosas.
Cigarro e álcool (que por várias outras razões não podem ser utilizados na gravidez) também pioram muito os sintomas. Outra medida importante é levantar a cabeceira de sua cama em 15 centímetros, colocando um calço nos pés da cama, o que diminui a chance de que o ácido do estômago retorne ao esôfago e, caso ocorra o refluxo, permite que o ácido fique menos tempo em contato com a mucosa do esôfago, retornando logo ao estômago.
Caso seus sintomas não melhorem com
essas medidas dietéticas e posturais, o médico ou médica deverá ser
consultado para a prescrição de medicamentos seguros para serem tomados
durante a gravidez. Alguns antiácidos são liberados para uso na gestão e
não causam problema ao feto, porém, devem sempre ser receitados por um
profissional especializado.
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Para finalizar, vale a pena lembrar que
mitos como «bebês cabeludos causam azia», «soprar a nuca do marido passa
a azia para ele», «ficar em jejum por muito tempo diminuí a azia» e «a
gestante deve comer por dois» não tem comprovação científica e por
muitas vezes atrapalham o tratamento.
*Artigo escrito em parceria com médico clínico geral Rubens Cleto Moreira Vieira